terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Suzano, SP, a cidade de São Sebastião do Rio Guaio - II

É sabido que desde o século XVI já era conhecido o local onde hoje está situado o município de Suzano. Incursões a caça de índios e ouro já aconteciam com gente vinda do Litoral, de São Vicente (fundada em 1532), inicialmente. Depois, já com os povoados de São Paulo de Piratininga, São Miguel Paulista e Itaquaquecetuba, a região foi se tornando mais conhecida.
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O primeiro documento que descreve área compreendida no território do actual Suzano, data de 10 de dezembro de 1609, é a sesmaria dada a um certo “Rodrigues”, dos “Campos do Itacurubitiba no caminho que fez Gaspar Vaz que vaie para Boigi Mirim a saber partindo da barra dum rio que se chama Guayao por elle arriba até dar em outro no que se chama..... dali dará volta a demarcação pelas faldas do outeiro da banda do sudoeste e correrá avante até dar no rio grande Anhemby e por o rio grande até dar digo até tornar aonde começou a partir e assim mas meia......com dois capões que estão de fronte da dita dada a saber um capão que se chama de Yytucurubitiva e outro .......Assupeva......”
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Em documento de delimitação da Vila depois conhecida por Mogi das Cruzes, de 1663, já temos citada uma “Estrada Real do Guaió”, por onde passariam todos que voltassem do litoral ou de São Paulo para essa Vila. Essa estrada deveria passar ao sul da actual sede do município de Suzano, percorrendo passagem entre os rios Guaió e Taiaçupeba Mirim. Nessa região vieram a ser descobertos veios de ouro, que vão adquirir significativo relevo, sendo no tempo consideradas as lavras auríferas mais importantes da Capitania.
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Nesse percursos da Estrada Real do Guaió, próximo a cabeceira do rio Taiaçupeba Mirim, uma paragem vai sendo conhecida desde os fins do século XVII, o local passa a receber mais gente e se torna um núcleo populacional conhecido por Taiaçupeba.
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É com a preocupação de apoio religioso que por volta de 1720 o Padre António de Souza e Oliveira ergue no local a primeira capela em honra de Nossa Senhora da Piedade.
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Documentos registram que a 20 de setembro de 1750 toma posse, perante o Visitador António de Medeiros Pereira, como Administrador da Capela Antonio Frazão Meirelles. E a 30 do mesmo mês é nomeado como capitão da Capela de Taiaçupeba Bruno Novaes. Isso dá bem idéia da importância do local em meados do século XVIII.
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Na Segunda metade do século XVIII já está identificada na comunidade a liderança do rico proprietário Antonio Francisco Baruel. Há registro de um “anúncio” que ele teria ordenado fazer em 1779 para que fossem presos sete escravos fugidos. É dessa época que o local, antes conhecido por Taiaçupeba passa a ser denominado pelo sobrenome de seu mais importante proprietário, Baruel. Cerca de um século depois a família desse nome terá desaparecido da região, mas ficará para sempre como designação do local, Baruel.
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Com início da ligação ferroviária entre Rio de Janeiro e São Paulo pela Companhia Ferrocarril em 1873 teremos uma alteração definitiva no centro populacional de nossa cidade. O trecho ferroviário entre São Paulo e Mogi das Cruzes é inaugurado em 6 de novembro de 1875, com uma primeira parada na região de Guainases. Bem no centro dos oito quilômetros de ferrovia que cortam o município de Suzano, entre os rios Guaió e Taiaçupeba Açu, conhecido como Campos de Mirambava, foi construída uma segunda parada o embarque de lenha. Essa parada vai ser chamada de Piedade, em razão da proximidade, uns dez quilômetros ao sul e dada a importância do Vilarejo do Baruel, com sua Capela à Nossa Senhora da Piedade.
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É junto à parada Piedade que o jovem feitor da ferrovia, Antonio Marques Figueira vai construir sua Casa, a primeira do local, terminada em 2 2de maio de 1885. Figueira vai juntar-se a outros proprietários da região, o Major Francisco Pinheiro Froez, dono das Fazendas Boa Vista e Revista, ao Major Guilherme Bocault, líder político de Mogi das Cruzes e ao Conde João Romariz, proprietário da Fazenda que se localizava onde hoje é o bairro da Vila Amorim. Visavam fundar um arruamento junto à parada Piedade. Romariz fez o desenho da futura Vila da Concórdia, que foi aprovada em 11 de dezembro de 1890, pelo novo Governo Republicano.
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Em 11 de Abril de 1891, depois da encampação da Ferrocarril pela Estrada de Ferro Central do Brasil, o povo local consegue que no local da sua humilde parada seja inaugurada a Estação Piedade. Em 1894 é inaugurado o Posto Telegráfico.
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Entrando do século XX, a pequena estação de madeira já mostrava sinais de sua precariedade. Os trens já não mais demandavam lenha. O povo temia o pior, a desativação da estação. Os líderes locais foram então solicitar ao engenheiro da ferrovia, residente em Mogi das Cruzes, que construísse uma estação de alvenaria. O engenheiro Joaquim Augusto Suzano Brandão autorizou a construção, que em 22 de dezembro de 1907, teve em sua homenagem, a placa trocada de Piedade para Suzano. Mas é só a 11 de dezembro de 1908, depois de 18 anos de sus fundação que a vila passou a chamar-se definitivamente Suzano.
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Com o seu crescimento foi natural que a 17 de dezembro de 1919, pela Lei Estadual nº 1705, promulgada pelo então Presidente do Estado, Dr. Altino Arantes, a Vila de Suzano se tornasse distrito de Mogi das Cruzes. Mas o ato oficial de instalação só veio a ocorrer efetivamente a 4 de maio de 1920, depois da nomeação três dias antes, do sub-prefeito Antonio José da Costa Conceição.
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A criação da paróquia de Suzano, apesar da tradição religiosa de seu povo, só veio a se concretizar a 8 de dezembro de 1940, por decisão do Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar de Affonseca e Silva.
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No entanto só depois de muito luta e determinação de seus líderes é que foi finalmente conseguida a sua autonomia. Ela vem ocorrer apenas em 24 de dezembro de 1948, com a promulgação da Lei Estadual nº 233, assinada pelo então Governador do Estado, Dr. Adhemar de Barros. As eleições para os primeiros Vereadores e Prefeito Municipal foi realizada em 13 de março de 1949. A posse deles foi realizada no Cine Suzano, localizado então na Praça João Pessoa, a 2 de abril de 1949. Essa foi a data escolhida posteriormente para o aniversário da Cidade.
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A criação da Comarca de Suzano ocorre pela Lei Estadual nº 5285, sancionada a 31 de dezembro de 1958, mas promulgada apenas em 18 de fevereiro de 1959, pelo então governador do Estado, Dr. Jânio da Silva Quadros. Mas a sua instalação só ocorrerá a 25 de maio de 1962, sendo o seu primeiro magistrado o Dr. José Dourador.
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Fonte: Site da Cámara Municipal de Suzano
Autor: Suami Paula de Azevedo
Libro: Suzano, estrada Real.

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