terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Suzano, SP, a cidade de São Sebastião do Rio Guaio - III

BARUEL – ONDE TUDO COMEÇOU
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No local do atual bairro do Baruel existia, há muitos séculos, mesmo antes da chegada dos colonizadores portugueses, uma tribo indígena guarani. Os MUIRAMOMIS, conhecidos como os guerreiros “Pés Largos” , conviviam com os índios Tupinambás do litoral de Bertioga, e com os Tamoios que habitavam o vale do Paraíba. Esta convivência era hostil; o contato entre as tribos era através de trilhas abertas na densa Mata Atlântica que cobria toda a região. Essas mesmas trilhas foram utilizadas posteriormente pelos Portugueses, aventureiros franceses e ingleses que atacavam constantemente o Brasil naquela época.
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No final do Século XVI, num dos ataques de piratas ingleses a Vila de Santos no ano de 1591, na fuga deixaram em terras brasileiras, dois PIRATAS, sendo um deles Henrique Barwell, que seguindo as trilhas abertas pelos índios, subiu a Serra do Mar e descobriu alguns veios auríferos na região do CAGUASSU ( atual Baruel ), iniciando assim a saga de uma família que permaneceu por várias gerações na região.
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No Século seguinte ( XVII ), Henrique Barwell casou-se com a Portuguesa Francisca Álvares Martins, e teve inúmeros filhos e quatro netos sacerdotes, sendo que dois deles habitaram a região, o Frei Salvador Baruel e o padre Francisco Baruel, jesuita, como veremos a seguir.
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Neste mesmo período, com a consolidação da Vila de São Paulo de Piratininga, fundada el 25 de janeiro de 1554 pelos Padres Jesuítas, os índios que habitavam a região sul do município, conhecidos como Guaianazes, começaram a se deslocar, fugindo dos Bandeirantes pegadores de índios. A direção que eles tomaram foi do territórios dos “Pés Largos”.
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A invasão do território provocou a reação imediata dos guerreiros Pés Largos, que já conviviam com a família Baruel. O conflito foi tão grande que foi chamado um dos netos de Henrique Barwell, para apaziguar as tribos combatentes. Chega ao local o Frei Salvador Baruel. Durante anos o Frei permaneceu na região e por volta de 1660, constrói a primeira capela Nossa Senhora de Piedade.
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Neste mesmo período, o irmão do Frei Salvador, o padre Francisco Baruel, foi morar na localidade ajudando a controlar a rivalidade entre as tribos, os novos aventureiros, e Bandeirantes que rondavam a região, em busca de ouro, pois nessa época foram descobertas mais minas de ouro.
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As mesmas trilhas utilizadas pelos índios, passaram a ser um dos principais acessos rumo ao litoral, partindo da Vila de São Paulo de Piratininga e de Mogi das Cruzes (a qual o território pertencia), margeando o Rio Guaió, alargaram as trilhas, o caminho passou a ser chamado de Estrada Real do Guaió, da qual temos a primeira notícia no ano de 1663, quando da disputa de divisas entre as Vilas ja existentes.
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Na rota dessa estrada passava-se pelo morro do SUINDARA ( Colégio ) e pela Capela Piedade, conhecida nessa época por Piedade do Taiaçupeba, pois além da Capela, já havia um povoado adjacente que também era cortado pelo Rio Taiaçupeba.Como a região começou a ser muito disputada, o Padre Francisco Baruel resolveu doar a Diocese de São Paulo, 25 alqueires em torno da Capela, no ano de 1680.No século XVIII, foram descobertas mais minas de ouro ( Morro do SUNDARA ) e no Rio Guaió, atraindo cada vez mais forasteiros, a exploração foi tão intensa, qúe foi considerada o maior reduto aurífero da província (Estado) de São Paulo.
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Em meados deste século, toma posse de terras na região outro elemento da família Baruel, o capitão Antonio Francisco Baruel, que manteve no local uma próspera fazenda, chamada de lavras do Baruel, trazendo para trabalhar os primeiros escravos negros.
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No ano de 1750, a antiga Capela foi reconstruída pelo Padre Antonio Souza e Oliveira, e empossado seu novo administrador. Alguns anos mais tarde, em 1779, sete escravos do Capitão Baruel fugiram levando grande quantidade de ouro. O mesmo contratou alguns capitães-do-mato para capturar os escravos, relatando o fato e exigindo providências dos capitães de ordenança da Cidade de São Paulo.
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A família Baruel permaneceu na região até meados do século XIX, quando a maioria das minas de ouro se extinguiram, mesmo assim a fazenda foi adquirida pelo mogiano o Capitão João Barbosa de Melo Ortiz, que conseguiu extrair mais 21 quilates de ouro.
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Em 1863, na segunda metade deste século, o capitão João Barbosa tenta transformar a fazenda em terras agriculturáveis, sem muitos resultados e deixa a fazenda abandonada. Os colonos agregados a fazenda continuam na região e pleiteiam junto a Mogi das Cruzes, a construção de uma Escola.
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No ano de 1870 é formada a 1ª Escola do Distrito de Suzano, apenas para o sexo masculino. Neste mesmo ano a Capela consegue consentimento para realizar casamentos e batizados. O comércio começa a se firmar com a construção do primeiro armazém de secos e molhados da Família Pereira, a carvoaria do imigrante italiano Roberto Bianchi, entre outros, atraindo desta forma novos imigrantes, o povoado se desenvolve cada vez mais, no entanto a notícia de mudança de rota da linha férrea, que passaria no local e foi transferida para o atual centro da cidade. Iniciou-se um lento processo de estagnação e transferência do povoado.
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No ano de 1885, a Capela foi transformada em igreja de Nossa Senhora da Piedade, e após 10 anos numa forte tempestade ruiu.Um dos últimos fatos relevantes da região do Baruel, foi justamente a reconstrução da igreja. Apesar da consolidação do novo centro de Suzano, com sua nova igreja construída pelos irmãos Figueira, dedicada a São Sebastião, o imigrante italiano Roberto Bianchi, a pedido de sua esposa D. Ernestina Maria de Jesus Bianchi reconstrói a nova igreja, em 1916.
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Para festejar a reconstrução da igreja e a restauração da imagem de Nossa Senhora da Piedade, que havia quebrado no mesmo temporal, Roberto e Ernestina iniciaram a Festa do Baruel, que se mantém até os dias de hoje, tornando-se a Festa mais tradicional de Suzano.
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Mantendo as raízes Suzanenses, a família Bianchi preservou através das gerações, o núcleo inicial de Suzano, conservando a religiosidade os costumes o folclore, as manifestações culturais, sem as quais o atual Baruel teria desaparecido da História Suzanense.
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Colaboração de Enio Pizzolato.
Revista CAMARIM - Ano I – Nº 04 – Out./Nov. 2005 do Alto Tietê.

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